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Qualidade de vida oral (OHIP-20sp) em pacientes idosos portadores de próteses removíveis na população espanhola

Resumo:

Objetivos: Os objetivos deste estudo são a comparação da qualidade de vida oral e satisfação entres os diferentes tratamentos protéticos. Análise dos fatores clínicos e sociodemográficos que influenciam os níveis de qualidade de vida e, avaliar a discrepância diagnóstica entre o enfoque normativo frente ao subjetivo.

Desenho do Estudo: Um total de (n = 21) pacientes desdentados tratados com próteses implanto-suportadas Locator ® (LO) e (n = 20) com próteses totais (CD) foram avaliados retrospectivamente. Uma avaliação retrospectiva do impacto do tratamento protético foi capturado com um instrumento de avaliação derivado do OHIP-20, e nomeado POST OHIP-13.

Resultados: Cinco fatores, denominados como deficiência, conforto funcional, impacto psicossocial, dor-desconforto e limitação funcional foram identificados como componentes principais do construto explicando quase 85% da variação. Os 48% da amostra sentiu pelo menos um impacto, ocasionalmente ou frequentemente (geralmente retenção de alimentos). O resultado de transição global do tratamento prótético usando o POST OHIP-13 foi significativamente maior no grupo (LO) do que no grupo (CD). Conclusões: OHIP-20 parece ser um indicador válido e confiável para medir o impacto oral e satisfação na população espanhola edêntula. O construto subjacente é composto por 5 fatores citados como deficiência, conforto funcional, impacto psicossocial, dor-desconforto e limitações funcionais.

Palavras-chave: qualidade relacionada à saúde de vida oral, desdentados, satisfação.

Introdução
No último levantamento espanhol, foi mostrado que mais de 16% dos idosos entre 65 e 74 anos não tinham dentes (totalmente desdentados) (1). A prevalência do total de desdentados na população idosa varia fortemente em populações da Europa(2), sendo muito maior em países, tais como Islândia (69%), Países Baixos (65%) e Reino Unido (46%). Os índices clínicos utilizados para descrever o estado de saúde bucal das populações de acordo com o padrão metodológico da Organização Mundial de saúde (OMS) não nos dizem nada sobre a capacidade do indivíduo de realizar tarefas diárias, no seu desenvolvimento físico, psicológico e bem estar emocional bem como a sua qualidade de vida (3) que onde a saúde da população difere em diferentes países que estão melhor preparados para prevenir, diagnosticar e tratar a patologia oral da população.

Assim, ainda que estas populações, discordem sobre a prevalência de edentulismo, não conhecemos se discordam em termos de bem estar associado ao edentulismo, já que o paciente pode estar reabilitado com próteses totais, outros com próteses implanto-suportadas ou não estarem reabilitados.

Uma das áreas de interesse emergente para os profissionais da saúde, é conhecer os benefícios para a saúde e bem estar que os diferentes tratamentos geram nos pacientes. Na odontologia, o desenvolvimento de indices desenhados para medir a qualidade de vida é relativamente recente (4-7) sendo escassos os estudos em que se utilizou a qualidade de vida oral como uma medida para avaliar o sucesso-fracasso do tratamento odontológico(8,9). Na Espanha, dois questionários gerais de qualidade de vida oral foram recentemente validados e comparados(10): o OHIP-14 (Oral Health Impact Profile-14 items) e o OIDP (Oral Impacts on Daily Performance). No entanto, estes indicadores gerais de qualidade de vida são relatados por alguns autores como não sendo capazes de coletar as peculiaridades de impacto oral apresentado pelos indivíduos desdentados totais e, portanto, eles propuseram o uso de um indicador específico para indivíduos desdentados denominados OHIP-20 (11), que mostrou excelentes propriedades psicométricas. Os objetivos deste estudo são avaliar a qualidade de vida dos pacientes desdentados com o OHIP-20sp, analisar o construto fatorial e do bem estar prótético.

Os indivíduos foram selecionados na Faculdade de Odontologia da Universidade de Salamanca no ano lectivo de 2009-2010 em uma amostragem aleatória. Dois grupos foram criados: Grupo 1 (N = 21) pacientes desdentados reabilitados com próteses implanto-suportadas (LO) e Grupo 2 (N = 20) desdentados totais tratados com dentaduras convencionais (CD). Os dados sociodemográficos foram coletados (Idade, sexo, classe social, estado civil e residência), bem como alguns parâmetros clínicos. Dois questionários foram utilizados: um para medir o nível de impacto das próteses sobre a qualidade de vida (OHIP-20) e outro para medir o impacto do tratamento protético recebido (POST OHIP-13). Primeiramente foi coletado o principal motivo da procura por um tratamento protético (dor/limitação funcional/outras causas). Foi registrado o tipo de próteses e antagonista, o número de consultas extras após a colocação das pro?teses e codificando o motivo da consulta como: Ajuste(0), Retenção(1), Dor(2), Este?tica(3) e Função(4). Uma investigação normativa das pro?teses também foi realizada avaliando como satisfatória ou insatisfatória os fatores protéticos de: estabilidade, retenção, integridade, oclusão e dimensão vertical. Para esta avaliação normativa foi usada uma inspeção e palpação bilateral das próteses. Então, os pacientes foram questionados sobre o impacto na qualidade da vida com o OHIP-20 e do POST OHIP-13 como uma medida subjetiva, uma auto-avaliação de satisfação em relação as próteses. Também foi reunida como variável dicotômica.

A base teórica do OHIP-20 está fundamentada na classificação de deficiências, incapacidades e desvantagens proposta pela Organização Mundial da Saúde e adaptado por Locker para a odontologia (3). Este instrumento de 20 itens, como todos os derivados do OHIP-49 (5), concentra-se sobre sete dimensões de impacto (dor/desconforto físico,limitação funcional, desconforto psicológico,deficiência física, deficiência psicológica, social e handicap) com perguntas referentes a freqüência de impacto em uma escala de Likert de 5 pontos codificados como: nunca (0), quase nunca (1), ocasionalmente (2) com bastante freqüência (3) e muitas vezes (4). Dois métodos de pontuação total de impacto foram utilizados. O OHIP-20 é esperado ter pelo menos uma capacidade descritiva da saúde bucal e qualidade de vida (OHQoL) para os pacientes desdentados, Assim, os participantes podem refletir o estado atual de bem estar de uma forma transversal. O instrumento de 13 itens POST-OHIP-13 projetado para capturar a transição retrospectiva avaliando os pacientes sobre o impacto das próteses no seu bem estar, baseado nos itens codificados como "melhor", "igual" ou "pior", em relação ao tratamento protético. O POST OHIP-13 é derivado do original OHIP-20 e os itens selecionados são consecutivamente: 1: mastigação, 2: retenção de alimentos, 3: satisfação com a dieta, 4:dor/desconforto, 5:presença de úlceras, 6:ajuste das próteses, 7:retenção das próteses, 8:conforto, 9:sorriso, 10: Forma e posição dos dentes,11:cor dos dentes,12:bem estar com a sua boca e 13:satisfação com a vida. Com esta abordagem trivial, é possível saber se o (OHQoL) melhorou, permaneceu igual ou piorou após o tratamento protético. De forma a quantificar intuitivamente o efeito global, os itens foram codificados como 1, quando foram "melhor", 0 para os itens que eram "igual" e -1 para os itens que eram "piores", de modo que o score médio desses itens poderia nos dar uma idéia do efeito positivo ou negativo do tratamento. Este estilo de avaliação retrospectiva já havia sido publicado(12). Todas as análises foram realizadas com a utilização do SPSS (v15) (Statistical Package of Social Sciences. SPSS. Inc. ChicagoIL).

Resultados
A amostra é composta por 41 pacientes totalmente desdentados, com idade média de 68,0 ± 11,7 meses, principalmente mulheres (58,1%), aposentados (71%) que viviam na área urbana de Salamanca. O principal motivo da procura de tratamento protético foi limitação funcional (65,9%), e dor (34,1%). Dos 41 indivíduos, 21 foram no Grupo 1 (LO) e 20 estavam no grupo 2 (CD). Ambos os grupos (LO e CD) foram comparados em termos sócio-demográficos e no principal motivo da procura do tratamento protético. A avaliação normativa revelou que não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos, mas apenas para prótese mandibular, sendo a satisfação mais elevada dentro do Grupo 1, principalmente em retenção e estabilidade. A análise das correlações inter-iten mostrou uma distribuição positiva de inter-correlações de iten, exceto para a correlação negativa (0,09) entre o "desgosto" e "Facilmente irritado com os outros". A correlação de cada iten com uma pontuação total variou de 0,46-0,81. A aparente validade de conteúdo foram verificados uma vez que todos os indivíduos do estudo declararam que entenderam todos os itens e que não mencionou qualquer situação de impacto que não foi recolhido pelo instrumento OHIP-20. O critério e validade de construto foram comprovados por detectar que aqueles indivíduos que estavam satisfeitos com a sua boca (N = 33, 80,7%) tiveram uma pontuação menor no aditivo total (9,6±12,6) do que nos homólogos (17,3 ± 8,6). A análise fatorial revelou cinco dimensões com autovalores acima de 1, que explicam 84,7% da variação e de acordo com os itens carregados poderia ser denominado como deficiência, conforto e funcionalidade, impacto psicossocial,dor/desconforto,e as limitações funcionais. A maioria dos sujeitos estavam satisfeitos com o tratamento convencional (60,0%) e seus antagonistas (75,0%), e no Grupo (LO) todos os participantes ficaram satisfeitos com seu tratamento e a maioria deles também ficaram satisfeitos com seu antagonista (81,0%). No entanto, a prevalência de impacto foi de 48,4% (% sujeitos relatando pelo menos um iten afetado como forma ocasional ou mais frequente), O iten mais afetado foi o OHIP-20 (retenção de alimentos), afetando a 41,5% da amostra (Fig. 1). O tratamento protético melhorou em média 9,3 ± 3,8 itens, que é a pontuação total do aditivo dos 13 itens do POST OHIP-13 (Fig. 2). O item 7 (retenção da prótese) e no iten 8 (conforto com a prótese) foram os que pioraram em 6,5% da amostra.

Discussão
Este estudo é, tanto quanto sabemos, o primeiro a usar OHIP-20 na população espanhola e a primeira avaliação subjetiva e normativa de reabilitação protética dos pacientes desdentados totais na Espanha. O tamanho da amostra (n = 41) foi semelhante à de outros estudos com os mesmos métodos e objetivos (11,13-15), mas parece insuficiente para detectar diferenças significativas entre grupos em questões relevantes, como OHIP-ADD e OHIP-SC, como aconteceu em outros estudos (14). Parece que o tamanho amostral mínimo por subgrupo para discriminar usando ambos os métodos de pontuação do OHIP-20 deve ser n = 50, como encontrados por outros autores(13). Como esperado, a avaliação normativa das próteses foi satisfatória para ambos os grupos, mas foram encontradas diferenças significativas apenas para as próteses inferiores (LO vs CD), e este fato pode ser a razão por trás da baixa melhoria percebida após o tratamento para o grupo de CD contra o grupo LO, relatado em outro estudo(13). A avaliação normativa das próteses foi realizada para justificar a satisfação clínica , porque a (OHQoL) deve variar entre os subgrupos ou indivíduos, como relatado por outros autores(16). O construto e validade de critério foram principalmente suportados usando critérios subjetivos, tais como a satisfação com a boca, tal como recomendado por diversos autores (17-19), porque os indicadores de qualidade de vida são projetados para medir a saúde de acordo com uma abordagem de conceito holístico em que as características psicológica e sociológica são reconhecidas e que podem ser expressas apenas por sentimentos subjetivos. A utilização do instrumento POST-OHIP-13 facilita a interpretação dos scores de mudança. Nosso tratamento deve ser percebido pelos pacientes de uma maneira simples: melhor, igual ou pior. Existem outros métodos para estimar tais alterações, como a diferença mínima importante em prótese (20), mas o método proposto é mais fácil e mais barato, e obrigatoriamente indicado para avaliações retrospectivas (12). A auto-avaliação da prótese e os resultados através do POST-OHIP-13 (Fig. 2) mostra que um efeito positivo protético foi registrado principalmente nos itens 1,4,5,6,7,8 e 12 correspondentes a mastigar, Dor/desconforto, presença de úlceras, ajuste da prótese, retenção da prótese , conforto da prótese, e bem estar com a boca, respectivamente, que são as principais queixas relatadas pelos pacientes desdentados quem procuram por tratamento (16). No entanto, o tratamento protético não foi capaz de resolver a retenção de alimentos nas próteses (Fig. 1) sendo uma condição comum entre os pacientes desdentados (12). Mesmo com as opiniões de especialistas, pode ser válido para preliminarmente adicionar itens a fatores conceituais, a explicação estatística com base na análise fatorial nos permite construir uma interação entre as variáveis (21). A análise comum mostrou que todos os itens contribuiram para a variabilidade da solução fatorial proposta. Todos eles excederam um limiar de 0,5 o que mostra que os itens são válidos para a solução fatorial sugerida. Além disso, a estrutura fatorial obtida reforça a teoria subjacente em que o construto é concebido (22). Existem cinco factores que explicam 84,7% da variação, cada fator foi avaliado por mais de dois itens, reduzindo o efeito maléfico de um certo valor individual, e as cargas de cada iten dos fatores tiveram auto-valores >1 (23,24). Há um consenso geral na literatura científica sobre a natureza multidimensional da qualidade de vida oral, mas não há consenso a respeito das soluções fatoriais, mesmo quando fatores físicos, psíquicos e de bem estar social foram destacados (25). Alguns questionários gerais que lidam com (OHQoL) identificando um conjunto de dimensões a partir da solução fatorial que pode ser facilmente combinada com os oferecidos na presente pesquisa (21,26). Em anos recentes, a presença de fatores físicos, psicológicos e sociais no construto de bem estar foi confirmada na população de desdentados(27). Esforços adicionais devem ser feitos por clínicos, a fim de investigar o efeito de diversas modalidades de tratamentos na satisfação dos pacientes e (OHQoL).

Fig. 1. Prevalência de impacto de toda a amostra (n = 41) entre os itens OHIP-20
Fig. 2. Distribuição da avaliação POST-OHIP-13scores entre a amostra (n = 41)

Fonte: Jornal Correio ABO (ed. 283)

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